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Mostrando postagens de abril, 2015

Fermata

A não ser por mim, o vagão parte vazio. Em raras ocasiões, normalmente nas manhãs no meio de feriados prolongados isso acontece. Passei por isso poucas vezes. Há muitos anos era em Santana que eu entrava em um desses vagões privativos uma ou duas vezes por ano. Agora estou no extremo oposto e vez ou outra a cena se repete. Carrego um livro mas não consigo avançar na leitura. A tranquilidade desperta mais atenção. Saboreio o momento e ouço os sons do trem: as rodas nos trilhos, o motor, a ventilação. Nenhum som humano (a não ser os que eu mesmo produzo) invade a quase quietude da máquina. Na estação seguinte cinco pessoas entram. Uma mulher sozinha como eu escolhe um lugar à minha esquerda. Outra mulher entra com um menino de uns doze anos. Sentam-se lado a lado, mas não falam nada. Um garoto senta-se encolhido no banco do fundo e mexe no celular. Por alguma razão, mesmo mais cheio, o vagão segue sem palavras. À minha frente está o assento preferencial. Um homem idoso se aproxima