Eu devia estar no terceiro ano e sempre voltávamos para casa depois da aula caminhando. A escola não ficava longe da minha casa, mas para nós o caminho era longo (naquela época todo caminho era longo). Éramos sempre três: o Renato, o Hélio e eu. Eram meus melhores amigos. Falávamos de todas as coisas importantes quando se tem nove anos: coisas nojentas, insetos, super-heróis, futebol e até da escola! Falávamos mal das meninas, mas éramos apaixonados pela professora. Fazíamos sempre do mesmo jeito: saíamos pelo portão da escola e íamos pela rua de cima, nunca a de baixo! Brincávamos com uma cadela que ficava numa garagem. Ela não era uma vigia muito boa, pois virava de barriga pra cima e nos deixava fazer carinho. Talvez ela soubesse que nós não éramos perigosos, sei lá. Quando chegou o calor, o sol esquentava muito e o caminho parecia a travessia do deserto. No meio do caminho havia uma vendinha, dessas que têm um pouco de tudo. O atendente era um moço magro, muito alto (naquela é
Leio na coluna Tiraram o gira gira , de Carolina Delboni uma história que tem se tornado cada vez mais frequente. Depois que uma criança se machucou em um gira-gira, a mãe, indignada, fez com que o clube tirasse o brinquedo. Nada pior do que impedir a brincadeira em nome de uma falsa sensação de segurança. Depois do gira-gira o que mais irão tirar? Há algum tempo conheci um vídeo que veio a se tornar um de meus favoritos. Trata-se de uma palestra de Gever Tulley, no TED. O nome do vídeo não poderia ser mais instigante nem mais aterrorizante para alguns pais: 5 coisas perigosas que você deve deixar seu filho fazer . A palestra em questão, realizada em 2007, continha uma seleção de atividades do livro 50 Dangerous Things (You Should Let Your Children Do) , não editado no Brasil. Tulley nos conta em seu vídeo e também no livro, que não tem filhos, mas que há anos observa o comportamento dos filhos de amigos e familiares. Dessa experiência ele concluiu que a melhor maneira de garant